Soldado Desconhecido – O Regresso a Portugal

Terminada a 1.ª Guerra Mundial, a Europa enterra os seus mortos. A incapacidade de dar nome a todos os túmulos leva à iniciativa de homenagear os “Soldados Desconhecidos”. França, Bélgica, Inglaterra, Itália, Estados Unidos da América e Portugal são dos primeiros países a pôr em prática a merecida cerimónia que visa lembrar os combatentes e as suas famílias. 

Em 1921, Portugal dá início às conversações diplomáticas para organizar a trasladação dos seus soldados. Um soldado pelas campanhas em África e um soldado pelas campanhas em França simbolizam os milhares de soldados que morreram por Portugal, na guerra “pela civilização”, como muitas vezes é referida. Em França, o corpo fica em câmara ardente de 9 a 12 de março de 1921, data em que se dá o cortejo fúnebre, ainda em Havre. A lista de autoridades civis e militares, em conjunto com a população em geral, que foi aplaudir o soldado enquanto este embarcava no paquete “Porto” para Portugal, é interminável. As fotografias mostram o entusiasmo e nostalgia sentidos por aqueles corpos que simbolizavam o sacrifício e o heroísmo de milhares de combatentes. O porto de Santos, em Portugal, encheu-se de barcos e de caravelas dos vários países, que não quiseram deixar de vir prestar homenagem, acompanhados pelas mais diversas personalidades ilustres dos quatro cantos do mundo. A 9 de abril, feriado nacional, atracaram no porto de Santos o paquete “Porto” e o cruzador “República”, transportando o soldado da Flandres e o de Moçambique, respetivamente. No mesmo dia, partem de comboio da Estação do Rossio para Leiria, onde se realiza uma cerimónia pública que acompanha os soldados para o Templo da Pátria (Mosteiro da Batalha), onde descansam até hoje, com a inscrição: 

“Portugal eterno nos mares, nos continentes e nas raças,
ao seu Soldado Desconhecido morto pela Pátria”

Soldado Desconhecido em câmara ardente
Soldado Desconhecido Português, 
em câmara ardente, no Havre, 1921
AHD – Legação em Paris, S3.E61.P1/36598


002 200
Embarque do Soldado Desconhecido no paquete “Porto”
AHD – Legação em Paris, S3.E61.P1/36598


003
Autoridades militares e civis durante o embarque do Soldado Desconhecido no paquete “Porto”
AHD – Legação em Paris, S3.E61.P1/36598
 
 
Cortejo Soldado DesconhecidoA multidão assiste ao cortejo, em honra do Soldado Desconhecido
AHD – Legação em Paris, S3.E61.P1/36598
O Soldado Desconhecido no paquete “Porto”O Soldado Desconhecido no paquete “Porto”, regressando a Portugal
AHD – Legação em Paris, S3.E61.P1/36598
Ordem do CortejoOrdem do Cortejo, da caserna Kleber ao Paquete “Porto”
AHD – Legação em Paris, S3.E61.P1/36598

 

Soldado Desconhecido – O Regresso a Portugal

Soldado Desconhecido - O Regresso a PortugalTerminada a 1.ª Guerra Mundial, a Europa enterra os seus mortos. A incapacidade de dar nome a todos os túmulos leva à iniciativa de homenagear os “Soldados Desconhecidos”. França, Bélgica, Inglaterra, Itália, Estados Unidos da América e Portugal são dos primeiros países a colocar em prática a merecida cerimónia que visa lembrar os combatentes e as suas famílias.

Portugal na Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

Tomo I - As Negociações Diplomáticas até à Declaração de Guerra
Tomo II - As Negociações Diplomáticas e a Ação Militar na Europa e em África

 


 

Assassinato de Sua Alteza Imperial, o Arquiduque Francisco Fernando (28 de junho de 1914)

Arquiduque Francisco Fernando

 A 28 de junho de 1914 o Arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do Império Austro-Húngaro, e a mulher, a Duquesa Sofia de Hohenberg, foram assassinados por um estudante sérvio, autointitulado de anarquista radical, Gavrilo Prinzip, em Sarajevo, na Bósnia.

As exéquias fúnebres realizaram-se em Viena, no dia 3 do mês seguinte. Este acontecimento despoletou e reacendeu as alianças que se haviam estabelecido no decorrer do século anterior e, a 29 de julho de 1914, a Legação de Portugal em Berlim dava conta de que tinha sido conhecida, no dia anterior (28 de julho), a declaração de Guerra entre a Áustria e a Sérvia. A guerra, que veio a dizimar 9 milhões de pessoas, tinha oficialmente começado. Pode ler-se em telegramas da época que havia um sentimento de pessimismo e uma apreensão geral.

Telegrama recebido da Legação de Portugal em Berlim dando conta do assassinato do Arquiduque Francisco Fernando, 3/7/1914 coleção telegramas recebidos, AHD

Ofício sobre a agitação resultante do assassinado do Arquiduque Francisco Fernando, 4/7/1914, Cx 16, AHD 

Ofício dirigido ao Ministro acerca das exéquias do Arquiduque Francisco Fernando, 6/7/1914, Cx 16, AHD

Telegrama recebido da Legação de Portugal em Berlim dando conta da declaração de guerra, 29/7/1914, coleção de telegramas recebidos AHD


 

Tratado de Versalhes (28 de junho de 1919)

Seguindo os esforços do Armistício de Compiègne (1918), foi assinado, cinco anos após o início da "Guerra das Guerras" (28 de julho de 1919), o Tratado de Versalhes, em França. A assinatura ocorre na efeméride do acontecimento que deu origem à Guerra Mundial, o assassinato do Arquiduque Francisco Fernando.
O principal objetivo era estabelecer as condições para a paz com a Alemanha, incluindo as devidas indemnizações de guerra. Desta forma, a grande potência dos antigos Impérios Centrais foi obrigada a pagar pesadíssimas indemnizações de guerra, juntamente com outras punições e restrições militares. Ficou também estabelecida a criação de uma organização internacional, pioneira para o seu tempo, a Sociedade das Nações, que almejava a paz mundial. Esta serviu de base para a atual Organização das Nações Unidas.

Texto do Tratado publicado no Diário do Governo 

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